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# Testes de hipóteses {#th}
```{r echo=FALSE}
set.seed(123)
```
## Vídeo 1
```{r echo=FALSE, results='asis', out.extra=center()}
embed_yt('jinX8qqzdxQ')
```
## Testes de hipóteses sobre a proporção
### Exemplo: proporção de bebês do sexo masculino { #ex1 }
::: {.rmdbox}
* Um [estudo de 1994 feito em Punjab, na Índia](https://www.bmj.com/content/309/6964/1259.full), relata que $56{,}9\%$ dos $550$ bebês nascidos em um ano em uma maternidade da região eram do sexo masculino.
* Segundo estudos anteriores, $51{,}7\%$ dos bebês nascidos por ano nessa região são meninos.
* Agora que a população tem acesso a exames que determinam o sexo do feto durante a gravidez, existem suspeitas de que fetos do sexo feminino estão sendo abortados pelos pais, por motivos culturais.
* A evidência é suficiente para afirmar que a proporção de bebês meninos na maternidade do estudo é maior do que a proporção da região?
:::
#### Hipóteses {-}
* Um teste de hipóteses sempre vai ter [duas hipóteses]{.hl}.
* A primeira hipótese é a apresentada como "padrão". Esta é a hipótese que vai ser "desafiada". O nome técnico para esta hipótese é [hipótese de nulidade]{.hl}, ou [hipótese nula]{.hl}. [A hipótese de nulidade sempre envolve uma igualdade.]{.hl} e costuma ser chamada $H_0$. No exemplo,
$$
H_0 : p = 0{,}517
$$
Ou seja, a proporção de meninos nascidos na maternidade do estudo é de $51{,}7\%$, como no restante da região.
* A segunda hipótese, chamada [hipótese alternativa]{.hl}, contradiz de alguma maneira a hipótese de nulidade. No exemplo, vamos trabalhar com
$$
H_A : p > 0{,}517
$$
Ou seja, a verdadeira proporção de meninos nascidos na maternidade do estudo é maior que $51{,}7\%$.
#### Condições {-}
* O teste de hipóteses também se baseia no TCL.
* Precisamos verificar as condições:
1. [Independência:]{.hl} os sexos dos bebês são independentes entre si? Vamos supor que sim.
1. [Amostra aleatória e representativa:]{.hl} a amostra são os $550$ bebês nascidos na maternidade em questão. Não vamos poder generalizar nossas conclusões para outras maternidades, nem outras regiões. Na verdade, [a população consiste em todos os bebês nascidos nessa maternidade, nesse e em outros anos.]{.hl} Vamos supor que os números desse ano são compatíveis com os números de outros anos.
1. [Tamanho da amostra:]{.hl} temos mais do que $30$ elementos, e a amostra é menor do que $10\%$ da população.
1. [Quantidades de sucessos e fracassos potenciais:]{.hl} considerando meninos como sucesso, a hipótese de nulidade diz que deveria haver $550 \times 0{,}517 = `r (550 * .517) %>% fm()`$ sucessos e $550 \times 0{,}483 = `r (550 * .483) %>% fm()`$ fracassos na amostra, mais do que os $10$ exigidos.
#### Valores {-}
```{r valores, echo=FALSE}
n <- 550
p_chapeu <- 0.569
p0 <- 0.517
ep <- sqrt(p0 * (1 - p0) / n)
```
* Tamanho da amostra: $n = 550$
* Proporção amostral: $\hat p = `r p_chapeu %>% fm()`$
* Hipótese de nulidade: $H_0 : p = 0{,}517$
* Hipótese alternativa: $H_A : p > 0{,}517$
* Nível de confiança: como com os intervalos de confiança, escolhemos $0{,}95$. Mas, em testes de hipóteses, trabalhamos com $1 - 0{,}95 = 0{,}05$ e chamamos este valor de [nível de significância, escrito $\alpha = 0{,}05$.]{.hl}
#### Estratégia {-}
* [Sempre começamos supondo que $H_0$ é verdadeira.]{.hl} No exemplo, isto significa supor que $p = 0{,}517$.
* Com isso, [construímos a distribuição amostral de $\hat p$, que vai ter como média o valor suposto de $p$.]{.hl}
* Usando esta distribuição amostral, [calculamos a probabilidade de obter uma amostra como a que obtivemos]{.hl} (com $\hat p = 0{,}569$) [ou mais extrema]{.hl} (com $\hat p > 0{,}569$).
* [A probabilidade calculada é chamada de valor $p$.]{.hl}
* [Se o valor $p$ for muito baixo]{.hl}, isto indica que, supondo $H_0$, [nossa amostra é muito improvável e serve como evidência contra $H_0$.]{.hl} Dizemos, então, que [rejeitamos $H_0$.]{.hl}
* Se o valor $p$ for alto, isto indica que, supondo $H_0$, nossa amostra não tem nada de inesperado, e não é evidência contra $H_0$. Não podemos rejeitar $H_0$.
* ["Baixo" ou "alto" são definidos em função do nível de significância $\alpha$.]{.hl}
#### A distribuição amostral de $\hat p$, supondo $H_0$ {-}
* Pelo TCL e supondo $H_0$, a distribuição amostral das proporções vai ser normal, com média $\mu = p = `r p0 %>% fm()`$ e erro-padrão
$$
\sigma_{\hat p}
= \sqrt{\frac{p(1-p)}{n}}
= `r ep %>% fm()`
$$
* Graficamente:
```{r echo=FALSE}
p_min <- (p0 - .1) %>% round(1)
p_max <- (p0 + .1) %>% round(1)
brks <- c(p_min, p0, p0 + .1, p_chapeu, p_max)
ggplot() +
stat_function(
fun = dnorm,
args = c(p0, ep),
xlim = c(p_min, p_max)
) +
stat_function(
fun = dnorm,
args = c(p0, ep),
xlim = c(p_chapeu, p_max),
fill = 'red',
alpha = .5,
geom = 'area'
) +
scale_x_continuous(
breaks = brks
) +
labs(
y = NULL
)
```
#### O valor $p$ e a conclusão {-}
* O valor $p$ vai ser a probabilidade que corresponde à área em vermelho, que pode ser calculada em R:
```{r}
<<valores>>
valor_p <- pnorm(p_chapeu, mean = p0, sd = ep, lower.tail = FALSE)
valor_p
```
* Este valor é muito menor do que $\alpha = 0{,}05$. [Logo, nossa amostra é evidência para rejeitar a hipótese de nulidade neste nível de significância]{.hl}. Concluímos que essa maternidade tem uma proporção de nascimentos de meninos maior do que $`r p0 %>% fm()`$, com $\alpha = 0{,}05$.
* Outros níveis de significância usados na prática são $\alpha = 0{,}1$ (menos exigente) e $\alpha = 0{,}01$ (mais exigente). Em algumas áreas, como na Física, são usados níveis de significância mais exigentes ainda, como $\alpha = 0{,}0000003$ no [experimento que confirmou a existência do bóson de Higgs](https://medium.com/@chris.m.pease/the-higgs-boson-and-5-sigma-eec238b43f93).
#### Em R {-}
```{r}
prop.test(
x = p_chapeu * n, # número de sucessos
n = n, # tamanho da amostra
p = p0, # valor de p na hipótese de nulidade
alternative = 'greater', # hipótese alternativa é p > p0
conf.level = .95, # 1 - α (o default já é .95)
correct = FALSE # sem correção de continuidade
)
```
### Exemplo: percepção extra-sensorial { #ex2 }
::: {.rmdbox}
* Um suposto vidente alega que consegue detectar os naipes de cartas colocadas viradas para baixo, diante dele, em uma mesa.
* Em um experimento, um pesquisador apresenta ao suposto vidente $50$ cartas, escolhidas ao acaso dentre as cartas de $10$ baralhos, e o suposto vidente acerta o naipe de $10$ delas.
* O pesquisador diz ao suposto vidente que ele teve *menos* acertos do que se ele tivesse adivinhado ao acaso: $50 \times 1/4 = `r (50/4) %>% fm()`$.
* O suposto vidente diz que isso também é evidência dos seus poderes: os erros foram causados por "interferência", pois o suposto vidente estava captando informações sobre o naipe da carta, mas não conseguiu interpretá-las corretamente.
:::
#### Hipóteses {-}
* A [hipótese de nulidade]{.hl} diz que o suposto vidente não tem poderes; a verdadeira proporção de acertos sempre vai ser, a princípio, $1/4$ da quantidade de cartas:
$$
p = 0{,}25
$$
* A [hipótese alternativa]{.hl} reflete os argumentos do suposto vidente de que uma proporção significativamente maior ou significativamente menor do que $25\%$ indica a existência de poderes extra-sensoriais:
$$
p \neq 0{,}25
$$
* A hipótese alternativa, agora, vai gerar um [teste bilateral]{.hl}.
#### Condições {-}
1. [Independência:]{.hl} Vamos supor que acertar o naipe de uma carta independe de acertar o naipe de outra carta. Por exemplo, podemos supor que a dificuldade de acertar o naipe de uma carta é sempre a mesma, independente da carta, da ordem em que elas aparecem etc. O fato de que as $50$ cartas foram escolhidas dentre $10$ baralhos ($520$ cartas, no total) nos permite considerar que os naipes das cartas escolhidas são independentes. Além disso, se não quisermos que o suposto vidente "conte" os naipes das cartas durante o experimento, podemos decidir só revelar os naipes das $50$ cartas *depois* que o suposto vidente tiver registrado seus palpites.
1. [Amostra aleatória e representativa:]{.hl} A população é o conjunto de todas as cartas que poderiam ser escolhidas para o suposto vidente poder exercer seus poderes. As $50$ cartas, escolhidas ao acaso, representam de forma adequada esta população.
1. [Tamanho da amostra:]{.hl} temos mais do que $30$ elementos, e a amostra é menor do que $10\%$ da população (que é infinita).
1. [Quantidades de sucessos e fracassos potenciais:]{.hl} a hipótese de nulidade diz que deveria haver $50 \times 1/4 = `r (50/4) %>% fm()`$ sucessos e $50 \times 3/4 = `r (50 * 3/4) %>% fm()`$ fracassos na amostra, mais do que os $10$ exigidos.
#### Valores {-}
```{r valores-2, echo=FALSE}
sucessos <- 10
n <- 50
p0 <- 1/4
p_chapeu <- sucessos / n
ep <- sqrt(p0 * (1 - p0) / n)
p_cauda_direita <- p0 + (p0 - p_chapeu)
```
* Tamanho da amostra: $n = 50$
* Proporção amostral: $\hat p = `r p_chapeu %>% fm()`$
* Hipótese de nulidade: $H_0 : p = `r p0 %>% fm()`$
* Hipótese alternativa: $H_A : p \neq `r p0 %>% fm()`$
* Nível de significância: $\alpha = 0{,}05$
#### Estratégia {-}
* Começamos supondo que $H_0$ é verdadeira: $p = `r p0 %>% fm()`$.
* Com isso, construímos a distribuição amostral de $\hat p$, que vai ter como média o valor suposto de $p$.
* Usando esta distribuição amostral, calculamos a probabilidade de obter uma amostra como a que obtivemos ou mais extrema (mais distante de $`r p0 %>% fm()`$).
#### A distribuição amostral de $\hat p$, supondo $H_0$ {-}
* Pelo TCL e supondo $H_0$, a distribuição amostral das proporções vai ser normal, com média $\mu = p = `r p0 %>% fm()`$ e erro-padrão
$$
\sigma_{\hat p}
= \sqrt{\frac{p(1-p)}{n}}
= `r ep %>% fm()`
$$
* Graficamente:
```{r echo=FALSE}
p_min <- 0
p_max <- .5
brks <- c(p_min, p0, p_chapeu, p_cauda_direita, p_max)
ggplot() +
stat_function(
fun = dnorm,
args = c(p0, ep),
xlim = c(p_min, p_max)
) +
stat_function(
fun = dnorm,
args = c(p0, ep),
xlim = c(p_min, p_chapeu),
fill = 'red',
alpha = .5,
geom = 'area'
) +
stat_function(
fun = dnorm,
args = c(p0, ep),
xlim = c(p_cauda_direita, p_max),
fill = 'red',
alpha = .5,
geom = 'area'
) +
scale_x_continuous(
breaks = brks
) +
labs(
y = NULL
)
```
#### O valor $p$ e a conclusão {-}
* O valor $p$ vai ser a probabilidade que corresponde à área em vermelho, que pode ser calculada em R:
```{r}
<<valores-2>>
valor_p <-
pnorm(p_chapeu, mean = p0, sd = ep) +
pnorm(p_cauda_direita, mean = p0, sd = ep, lower.tail = FALSE)
valor_p
```
* Este valor é maior do que $\alpha = 0{,}05$. [Logo, nossa amostra não é evidência para rejeitar a hipótese de nulidade neste nível de significância]{.hl}.
#### Em R {-}
```{r}
prop.test(
x = sucessos, # número de sucessos
n = n, # tamanho da amostra
p = p0, # valor de p na hipótese de nulidade
alternative = 'two.sided', # hipótese alternativa é p != p0
conf.level = .95, # 1 - α (o default já é .95)
correct = FALSE # sem correção de continuidade
)
```
### Erros, poder e tamanho do efeito
#### Rejeitar $\times$ não rejeitar {-}
* Em um teste de hipóteses, [nada é provado]{.hl}.
* Se o valor $p$ for [menor]{.hl} do que $\alpha$, você deve concluir que [existem evidências para rejeitar a hipótese de nulidade]{.hl}.
* Se o valor $p$ for [maior]{.hl} do que $\alpha$, você deve concluir que [não existem evidências para rejeitar a hipótese de nulidade]{.hl}.
* Seja como for, você deve incluir na sua conclusão
* As hipóteses.
* O valor da estatística envolvida no teste (aqui, a proporção amostral).
* O tamanho da amostra.
* O valor de $\alpha$.
* O valor $p$.
* A informação de se o teste é unilateral ou bilateral.
* Como nada é provado, [existe a possibilidade de acontecer um erro]{.hl}:
* Você pode [rejeitar $H_0$ quando ela é verdadeira]{.hl}, ou
* Você pode [não rejeitar $H_0$ quando ela é falsa.]{.hl}
#### Erro tipo 1: rejeitar quando não devíamos {-}
* Falso positivo.
* Diagnosticar como doente um paciente saudável.
* Condenar um réu inocente.
* [Um erro tipo $1$ só acontece quando a hipótese de nulidade é verdadeira.]{.hl}
* A probabilidade de um erro tipo $1$ acontecer é a probabilidade de a nossa amostra ser uma amostra "ruim".
* Mas a probabilidade de a amostra ser ruim é exatamente $\alpha$.
* Então, [a probabilidade de um erro tipo $1$ é sempre igual a $\alpha$.]{.hl}
#### Erro tipo 2: não rejeitar quando devíamos {-}
* Falso negativo.
* Diagnosticar como saudável um paciente doente.
* Absolver um réu culpado.
* [Um erro tipo $2$ só acontece quando a hipótese de nulidade é falsa.]{.hl}
* Qual a probabilidade de um erro tipo $2$ acontecer? Vamos chamar esta probabilidade de $\beta$.
* É difícil calcular $\beta$, porque a hipótese alternativa não fixa um valor para o parâmetro sendo testado; então, não sabemos qual distribuição amostral usar.
* A probabilidade $\beta$ de um erro tipo $2$ diminui à medida que $\alpha$ aumenta.
* Um $\alpha$ maior torna mais difícil rejeitar a hipótese de nulidade.
#### Poder de um teste {-}
* O "melhor" resultado do teste é [rejeitar $H_0$ quando ela é falsa]{.hl}.
* Isto acontece com probabilidade $1 - \beta$.
* Este é o [poder (ou potência)]{.hl} do teste: [a capacidade de detectar a diferença entre o valor do parâmetro em $H_0$ e o valor verdadeiro do parâmetro.]{.hl}
* Mas não é uma boa idéia aumentar $\alpha$ para aumentar o poder, pois isto aumenta a chance de um erro tipo $1$.
* A melhor maneira de diminuir $\alpha$ e $\beta$ ao mesmo tempo é [aumentando o tamanho da amostra.]{.hl}
* Podemos calcular o tamanho da amostra necessário para que o poder do teste tenha um certo valor, mas isto depende de mais informação.
#### O tamanho do efeito {-}
* Diferença entre o valor do parâmetro em $H_0$ e o valor verdadeiro do parâmetro.
* Efeitos maiores são mais fáceis de detectar.
* Efeitos menores são mais difíceis de detectar.
* [O poder de um teste também depende do tamanho do efeito.]{.hl}
#### Explorando tudo interativamente {-}
* https://rpsychologist.com/d3/nhst/
### Exercícios
#### Usando `binom.test` {-}
* No [exemplo dos bebês](#ex1), calcule a *quantidade* de nascimentos de meninos na amostra. O que há de estranho?
* A função `binom.test`, de R base, também faz teste de hipótese para a proporção (embora usando um algoritmo diferente do nosso). Rode o seguinte código:
```{r eval=FALSE}
binom.test(
x = p_chapeu * n, # número de sucessos
n = n, # tamanho da amostra
p = p0, # valor de p na hipótese de nulidade
alternative = 'greater', # hipótese alternativa é p > p0
conf.level = .95 # 1 - α
)
```
O que dá errado? Por quê? Como consertar?
#### Outro suposto vidente {-}
* O [experimento do exemplo](#ex2) é repetido com outra pessoa, que acerta o naipe de $17$ das $50$ cartas. Refaça o teste de hipóteses com este novo valor, de duas maneiras:
1. Com um teste bilateral: $H_A : p \neq 0{,}25$.
1. Com um teste unilateral: $H_A : p > 0{,}25$.
* Quais as suas conclusões?
## Vídeo 2
```{r echo=FALSE, results='asis', out.extra=center()}
embed_yt('Ajf5r4EIV6c')
```
## Testes de hipóteses sobre a média
### Exemplo: duração da gestação { #gest }
```{r valores0, echo=FALSE}
xbar <- 275
σ <- 10
n <- 25
ep <- σ / sqrt(n)
m0 <- 280
dif <- abs(m0 - xbar)
```
::: {.rmdbox}
* O tempo de gestação em seres humanos segue a distribuição normal, com média $\mu = `r m0`$ dias e desvio-padrão $\sigma = `r σ`$\ dias.
* Em uma amostra de $n = `r n`$ bebês nascidos em uma clínica, o tempo médio de gestação foi de $\bar x = `r xbar`$ dias.
* Esta amostra é evidência de que a duração média da gestação humana é *diferente de* $`r m0`$ dias?
:::
#### Hipóteses {-}
* A hipótese de nulidade diz que a duração média da gestação é de $`r m0`$ dias:
$$
H_0 : \mu = `r m0`
$$
* A hipótese alternativa diz que duração média da gestação é diferente de $`r m0`$ dias:
$$
H_A : \mu \neq `r m0`
$$
#### Condições {-}
* Verifique que as condições de independência, aleatoriedade, representatividade e tamanho da amostra são satisfeitas.
* Como a distribuição da população é normal, podemos aceitar $n = `r n`$.
#### Valores {-}
* Tamanho da amostra: $n = `r n`$
* Média amostral: $\bar x = `r xbar`$
* Hipótese de nulidade: $H_0 : \mu = `r m0`$
* Hipótese alternativa: $H_A : \mu \neq `r m0`$
* Nível de significância: $\alpha = 0{,}05$
#### O valor $p$ e a conclusão {-}
* Como a hipótese alternativa envolve "$\neq$", [o teste é bilateral]{.hl}.
* [Já sabemos $\sigma$ (o desvio-padrão populacional)]{.hl}. Não precisamos do desvio-padrão amostral.
* [A distribuição amostral vai ser a normal]{.hl} com média $\mu = `r m0`$ e desvio-padrão
$$
EP = \frac{\sigma}{\sqrt{n}} = \frac{`r σ`}{\sqrt{`r n`}} = `r ep`
$$
* Usando esta distribuição amostral, calculamos a probabilidade de obter uma amostra como a que obtivemos (com a média amostral $`r dif`$ dias [menor ou maior]{.hl} que a média suposta por $H_0$) ou mais extrema.
* O valor $p$ vai ser esta probabilidade.
```{r graf-gest, echo=FALSE}
m_min <- 270
m_max <- 290
m_direita <- m0 + (m0 - xbar)
brks <- c(m_min, xbar, m0, m_direita, m_max)
ggplot() +
stat_function(
fun = dnorm,
args = c(m0, ep),
xlim = c(m_min, m_max)
) +
stat_function(
fun = dnorm,
args = c(m0, ep),
xlim = c(m_min, xbar),
fill = 'red',
alpha = .5,
geom = 'area'
) +
stat_function(
fun = dnorm,
args = c(m0, ep),
xlim = c(m_direita, m_max),
fill = 'red',
alpha = .5,
geom = 'area'
) +
scale_x_continuous(
breaks = brks
) +
labs(
y = NULL
)
```
* Calculando em R:
```{r}
<<valores0>>
valor_p <- pnorm(xbar, m0, ep) +
pnorm(m0 + dif, m0, ep, lower.tail = FALSE)
valor_p
```
* Este valor é menor do que $\alpha = 0{,}05$. [Logo, nossa amostra é evidência para rejeitar a hipótese de nulidade neste nível de significância]{.hl}.
* Pode parecer surpreendente que $`r dif`$ dias façam tanta diferença assim. O problema é que o desvio-padrão da população é relativamente baixo: $`r σ`$ dias. A variação é pequena. Por isso a diferença entre a média amostral e a média afirmada em $H_0$ é significativa.
* Visto de outro modo: como $\sigma$ é um valor pequeno, o erro-padrão (i.e., o desvio-padrão da distribuição amostral) também é pequeno; a distribuição amostral, vista na figura acima, é bem estreita, com boa parte da probabilidade bem próxima da média.
#### Em R {-}
* Vamos carregar um pacote que implementa o teste z:
```{r message=FALSE}
library(BSDA)
```
* Esta função recebe o resumo (*summary*) da amostra:
```{r ztest}
zsum.test(
mean.x = xbar,
sigma.x = σ,
n.x = n,
alternative = 'two.sided',
mu = m0
)
```
### Exemplo: salmões novamente
```{r echo=FALSE, message=FALSE}
salmoes <- read_csv('data/Farmed_Salmon.csv') %>%
select(location = Location, mirex = Mirex) %>%
filter(!is.na(mirex))
```
```{r valores1, echo=FALSE}
xbar <- mean(salmoes$mirex)
s <- sd(salmoes$mirex)
n <- length(salmoes$mirex)
ep <- s / sqrt(n)
m0 <- 0.08
t0 <- (xbar - m0) / ep
```
::: {.rmdbox}
* Numa amostra de $150$ salmões, foi medida a concentração do contaminante [*mirex*](https://en.wikipedia.org/wiki/Mirex), um inseticida banido pela [Convenção de Estocolmo](https://pt.wikipedia.org/wiki/Conven%C3%A7%C3%A3o_de_Estocolmo).
* As concentrações (em ppm) estão resumidas na tabela abaixo.
```{r echo=FALSE}
salmoes
```
* A média foi $\overline x = `r xbar`$ppm.
* O desvio-padrão *amostral* foi $s = `r s`$ppm.
* Não sabemos o desvio-padrão *populacional*.
* Alguém nos diz que a concentração máxima de mirex permitida é de $`r m0`$ppm.
* Esta amostra é evidência de que a concentração máxima foi ultrapassada?
:::
#### Hipóteses {-}
* A hipótese de nulidade diz que a concentração é a máxima permitida ou menor:
$$
H_0 : \mu \leq `r m0`
$$
* A hipótese alternativa diz que a concentração máxima foi ultrapassada:
$$
H_A : \mu > `r m0`
$$
#### Condições {-}
* Verifique que as condições de independência, aleatoriedade, representatividade e tamanho da amostra são satisfeitas.
* Se precisar, reveja o vídeo sobre intervalos de confiança para a média, onde este exemplo também aparece.
#### Valores {-}
* Tamanho da amostra: $n = `r n`$
* Média amostral: $\bar x = `r xbar`$
* Hipótese de nulidade: $H_0 : \mu \leq `r m0`$
* Hipótese alternativa: $H_A : \mu > `r m0`$
* Nível de significância: $\alpha = 0{,}05$
#### O valor $p$ e a conclusão {-}
* Como não sabemos $\sigma$ (o desvio-padrão populacional), [vamos usar $s$ (o desvio-padrão amostral)]{.hl}.
* Com isto, [a distribuição amostral das médias será a distribuição $t$]{.hl}, com $n - 1 = `r n - 1`$ graus de liberdade.
* Mas, [como a distribuição $t$ tem média $0$, precisamos padronizar a nossa média amostral]{.hl}: subtrair a média que $H_0$ diz ser a verdadeira ($\mu_0 = `r m0`$) e dividir pelo erro-padrão:
$$
t_0 = \frac{\bar x - \mu_0}{EP}
$$
* O erro-padrão, como vimos nas aulas sobre intervalos de confiança, é
$$
EP = \frac{s}{\sqrt{n}} = \frac{`r s`}{\sqrt{`r n`}} = `r ep`
$$
* Isto nos dá
$$
t_0 = \frac{\bar x - \mu_0}{EP} = \frac{`r xbar` - `r m0`}{`r ep`} = `r t0`
$$
* Como a hipótese alternativa envolve "$>$" e não "$\neq$", [o teste é unilateral]{.hl}.
* O valor $p$ é a probabilidade de a [média amostral padronizada]{.hl} ser maior do que $t_0$:
```{r echo=FALSE}
brks <- c(seq(-4, 4, 2), t0 %>% round(3))
xmin <- -4
xmax <- 4
ggplot() +
stat_function(
fun = dt,
args = n - 1,
xlim = c(xmin, xmax)
) +
stat_function(
fun = dt,
args = n - 1,
xlim = c(t0, xmax),
fill = 'red',
alpha = .5,
geom = 'area'
) +
scale_x_continuous(
breaks = brks
) +
labs(
y = NULL
)
```
* Este valor pode ser calculado em R (os valores da amostra estão em `salmoes$mirex`):
```{r}
<<valores1>>
valor_p <- pt(t0, n - 1, lower.tail = FALSE)
valor_p
```
* Conclusão: [como o valor $p$ é menor do que $\alpha$, rejeitamos a hipótese de nulidade.]{.hl} Com este nível de significância, a amostra é evidência de que a contaminação é maior do que a permitida.
#### Em R {-}
```{r}
t.test(
salmoes$mirex,
alternative = 'greater',
mu = m0
)
```
### Relação entre testes e IC
* Intervalos de confiança e testes de hipóteses são [duas maneiras de enxergar a mesma inferência]{.hl}.
* Lembre-se do [exemplo sobre o tempo de gestação](#gest):
```{r echo=FALSE}
<<valores0>>
<<graf-gest>>
```
```{r}
zt <- zsum.test(
mean.x = xbar,
sigma.x = σ,
n.x = n,
alternative = 'two.sided',
mu = m0
)
zt
```
```{r echo=FALSE}
ic <- zt$conf.int[1:2]
```
* Mantenha fixa a nossa amostra de $`r n`$ gestações.
* A hipótese de nulidade [foi rejeitada]{.hl} com $\alpha = 0{,}05$ porque o valor que ela "defendia" ($`r m0`$) estava [fora do intervalo de confiança]{.hl} de $1 - \alpha = 0{,}95$.
* Reciprocamente, mantendo $\alpha = 0{,}05$, qualquer hipótese de nulidade que [não for rejeitada]{.hl} vai "defender" um valor [dentro do intervalo de confiança]{.hl} (entre $`r ic[1]`$ e $`r ic[2]`$).
* Experimente rodar a função `zsum.test` com diferentes valores de `mu` para verificar que isto acontece.
### Explorando tudo interativamente (com outro app)
* https://rpsychologist.com/pvalue/
### Exercícios
#### Gestação {-}
* No [exemplo](#gest), mude a hipótese alternativa para
$$
H_A : \mu < `r m0`?
$$
* Sem refazer os cálculos, você consegue dizer qual é o novo valor $p$? Compare-o com o valor $p$ original.
* A hipótese de nulidade continuaria sendo rejeitada?
* O que mudaria na chamada da função `zsum.test`?
#### Salmões {-}
* Qual seria o valor $p$ se a média amostral tivesse sido $0{,}08$ppm?
* Qual seria o valor $p$ se as hipóteses fossem
$$
\begin{align*}
H_0 &: \mu = 0{,}08 \\
H_A &: \mu \neq 0{,}08
\end{align*}
$$
e a média amostral tivesse sido $0{,}08$ppm?
* Quando o valor $p$ é $0$?
#### Testes e IC {-}
* O que acontece com o intervalo de confiança quando o teste de hipótese é unilateral?
* Já que intervalos de confiança e testes de hipóteses contêm a mesma informação, qual dos dois procedimentos você acha mais intuitivo? Mais fácil de executar? Mais fácil de apresentar a um leigo?
#### App {-}
* Entre em https://rpsychologist.com/pvalue/
* No "painel de controle", deixe `sample dist. statistic` (estatística da distribuição amostral) em `Mean` (média). Com isto, a curva de baixo vai mostrar a distribuição amostral das médias.
* Qual o efeito, sobre a distribuição amostral, de aumentar o tamanho da amostra? Por quê?
* Defina o tamanho da amostra como $9$.
* O app está configurado para o seguinte teste:
$$
\begin{align*}
H_0 &: \mu = 100 \\
H_A &: \mu \neq 100
\end{align*}
$$
* [Primeira situação: a hipótese de nulidade é verdadeira.]{.hl}
1. Faça o que você deve fazer para que, no app, $H_0$ seja verdadeira.
Dica: a distribuição populacional "verdadeira" é representada pela curva de cima.
1. Retire $200$ amostras de $9$ elementos cada, apertando quatro vezes o botão `+50`.
1. Quantas das $200$ bolinhas são azuis? O que elas significam em termos de médias amostrais? Qual a relação delas com $\alpha$?
1. Mude `sample dist. statistic` para `Z`.
1. O que significam os novos rótulos no eixo horizontal da distribuição amostral?
1. O que significam as linhas pontilhadas verticais? Em que valores do eixo horizontal elas estão?
1. Se o app nos deixasse mudar essas linhas pontilhadas de posição (o app não deixa), o que isto significaria?
1. Mude `sample dist. statistic` para `p-value`. Agora, as $200$ amostras aparecem distribuídas de acordo com seus valores $p$.
1. O que significam as bolinhas azuis?
1. O que significam as bolinhas vermelhas?
1. Com $H_0$ verdadeira, como os valores $p$ das $200$ amostras estão distribuídos?
* [Segunda situação: a hipótese de nulidade é falsa.]{.hl}
1. Apague as amostras, clicando em `CLEAR`.
1. Mude `sample dist. statistic` para `mean`.
1. Defina o tamanho da amostra como $9$.
1. Faça o que você deve fazer para que a média populacional passe a ser [aproximadamente $110$]{.hl}, tornando $H_0$ falsa.
1. Retire $200$ amostras de $9$ elementos cada, apertando quatro vezes o botão `+50`.
1. Qual fração aproximada das $200$ bolinhas são azuis? O que elas significam em termos de médias amostrais? Qual a relação delas com $1 - \beta$ (a potência)?
1. Você pode alterar o tamanho das amostras agora, e o app vai atualizar as figuras magicamente. Qual deve ser o valor de $n$ para que a potência ultrapasse $0{,}8$?
1. Mude `sample dist. statistic` para `p-value`.
1. O que significam as bolinhas azuis?
1. O que significam as bolinhas vermelhas?
1. Com $H_0$ falsa, como os valores $p$ das $200$ amostras estão distribuídos?
* [Terceira situação: a hipótese de nulidade é falsa, mas não muito.]{.hl}
1. Apague as amostras, clicando em `CLEAR`.
1. Faça o que você deve fazer para que a média populacional passe a ser [aproximadamente $105$]{.hl}, tornando $H_0$ falsa, mas com uma diferença menor para a média verdadeira.
1. Refaça os passos restantes da segunda situação.
1. Comente os resultados.
* [Quarta situação: a hipótese de nulidade é falsa, e muito.]{.hl}
1. Apague as amostras, clicando em `CLEAR`.
1. Faça o que você deve fazer para que a média populacional passe a ser [aproximadamente $120$]{.hl}, tornando $H_0$ falsa, com uma diferença muito grande para a média verdadeira.
1. Refaça os passos restantes da segunda situação.
1. Comente os resultados.
* **Desafio:**
* A curva da parte superior da página, de onde "pingam" as médias amostrais, é uma distribuição normal.
* Durante os exercícios acima, você descobriu como alterar a média dessa normal.
* Você consegue calcular o desvio-padrão dessa normal?
Dica: considere a fórmula que dá o erro-padrão da distribuição amostral (a curva de baixo).
## Vídeo 3
```{r echo=FALSE, results='asis', out.extra=center()}
embed_yt('83pzxnP-p6s')
```
## Testes de hipóteses com duas amostras
### Diferença entre proporções
#### Exemplo: jovens *online* {-}
::: {.rmdbox}
Duas amostras:
* $141$ de $248$ rapazes com idades entre $15$ e $17$ anos possuem um perfil *online*.
* $179$ de $256$ meninas com idades entre $15$ e $17$ anos possuem um perfil *online*.
A diferença entre as proporções é significativa?
:::
##### Condições {-}
* As [mesmas condições de testes com uma amostra]{.hl} precisam ser verificadas:
* Independência.
* Amostras aleatórias e representativas.
* Tamanho da amostra menor que $10\%$ da população.
* [E mais:]{.hl}
* Independência dos grupos.
* Cada grupo deve ter no mínimo $10$ sucessos e $10$ fracassos.
##### Hipóteses {-}
* O teste, agora, é sobre a [diferença]{.hl} entre as proporções:
$$
H_0 : p_h - p_m = 0 \\
H_A : p_h - p_m \neq 0
$$
##### Erro padrão {-}
* A diferença $p_h - p_m$ é uma variável aleatória.
* A variância da diferença é a soma das variâncias: